Eleições e afins: Reino Unido, Suécia, França e Dinamarca, a social democracia de pé e ainda mais forte

Por: Redação

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 - Atualizado há 6 meses ago

O bloco de esquerda Nova Frente Popular venceu neste domingo (7) o segundo turno das eleições legislativas na França. Durante a divulgação dos resultados, o primeiro-ministro Gabriel Attal, do partido Renascimento, liderado pelo presidente Emmanuel Macron, disse que iria entregar o cargo. Na segunda (8), o presidente francês pediu que ele continuasse na função até as Olimpíadas, realizadas em Paris, para “garantir estabilidade” no país.

A extrema direita liderada pelo Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen, partido mais votado no primeiro turno das eleições para a Assembleia Nacional, ficou em terceiro lugar no segundo turno. Apesar da derrota neste domingo (7), a extrema direita dobrou seu número de assentos. 

67% dos franceses votaram neste domingo; foi a participação mais alta registrada durante um segundo turno em mais de 40 anos

A Assembleia Nacional tem 577 assentos. Para formar maioria e definir o primeiro-ministro, são necessárias 289 cadeiras. Nenhum grupo obteve maioria absoluta no segundo turno. Líderes do bloco de esquerda já indicaram que podem se aliar ao centro para ter maioria, conforme contou o site G1. Veja os três maiores grupos eleitos:

Nova Frente Popular, de esquerda: 182 assentos

Juntos, governista, de centro: 168 assentos

Reunião Nacional, de extrema direita: 143 assentos

O sistema para a escolha de deputados da Assembleia Nacional é distrital. Ou seja, o país é dividido em distritos eleitorais e parlamentares disputam entre si dentro desses distritos, como numa eleição majoritária.

A eleição legislativa acontece em dois turnos. Se um candidato de determinado distrito tiver mais de 50% dos votos válidos, ele é eleito no primeiro turno. Se ninguém obtiver esse índice, ocorre um segundo turno reunindo todos os candidatos que tiverem obtido ao menos 12,5% dos votos do distrito em uma primeira votação, como mostrou o site brasileiro da BBC.

A França tem um regime semipresidencialista. O presidente escolhe um primeiro-ministro para formar o gabinete de governo e não é obrigado a apontar para o cargo o nome de preferência da maioria absoluta. Mas esse grupo tem o poder de derrubar o primeiro-ministro por meio de um mecanismo chamado de voto de desconfiança.

REINO UNIDO:

O Partido Trabalhista, de centro-esquerda, quebrou um ciclo de 14 anos de poder do Partido Conservador no Reino Unido com uma vitória considerada esmagadora para o Parlamento: a legenda conquistou mais de 410 assentos, superando com folga o mínimo necessário para assegurar a maioria na Casa durante a madrugada desta sexta-feira (5). Com a vitória, Keir Starmer, líder dos Trabalhistas, foi nomeado novo primeiro-ministro do Reino Unido.

Para Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM, essa vitória representa pode representar uma mudança dos rumos para a política mundial, mas ressalta que tudo ainda depende do que está por vir no pleito marcado para novembro, nos Estados Unidos, onde Donald Trump pode retornar ao poder.

“Temos que lembrar o papel da Inglaterra, que sempre foi um sinalizador de tendência. É pensar, por exemplo, nos Beatles, que lá nos anos 1960 saíram na frente. A Inglaterra dá um sinal pra onde está indo o mundo e esse sinal não está isolado, pois no norte da Europa, com Dinamarca e Suécia, a social-democracia está vagarosamente renascendo. Isso é um sinal”, diz Trevisan em entrevista ao Em Ponto, da Globonews.

Sobre o fato de a extrema direita também ganhar destaque em países como Itália e, mais recentemente, França, o especialista diz que ainda não é um movimento consolidado. “Temos a Giorgia Meloni, que é uma liderança. Georgia Meloni é neta de Mussolini, mas vamos devagar. Ela está escondida e a Alemanha a conteve com 209 bilhões de euros em suaves prestações para permanecer na Europa e sem fazer delírios eurocéticos”, ressalta.

O professor diz que Reino Unido, Suécia e Dinamarca podem fazer o mundo ver que não existem apenas “tempestades” provocadas pela extrema direita. “[A eleição no Reino Unido] sinalizou algo novo no contexto político e isso pode ter grandes repercussões no contexto todo do mundo”.

Um dos exemplos cruciais destacados pelo especialista será na relação do Reino Unido com a China. Para ele, mesmo se Trump vencer, os britânicos poderão ser um ponto de equilíbrio.

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